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miércoles, 22 de agosto de 2012

Eu deixei o meu bebê chorar / Yo dejé llorar a mi bebé

(Texto en español, al final de éste)

Demorei mais de seis anos para reunir a coragem de escrever esse título, ainda mais para fazê-lo publicamente. Esta frase, "Eu deixei meu bebê chorar" me atormenta todos os dias, cada vez que olho nos olhos transparentes de meu filho mais velho. Sim, eu deixei meu bebê chorar, como infelizmente fazem milhares de mães em todo o mundo - "civilizado" - inteiro.

No final da minha primeira gestação passeava com a minha mãe, era o Dia do Livro e das livrarias tinham promoções nas ruas de Madrid. Quando eu vi esse título "Duérmete niño" (versão original do “Nana nenê”), eu me disse: "Como é que eu não tenho este livro?". Comprei-o, é claro. Ou a minha mãe comprou para mim, não me lembro. Eu o li em duas tardes. Ele explicava como “educar” o sono dos bebês, deixando-os chorar com uma tabela de tempos. Ele prometia milagres. Eu, que sempre fui muito dorminhoca, que deitava cedo e acordava tarde demais, morria de medo com esse item da maternidade: a falta de sono.

Meu bebê nasceu, e como dizia o livro, os três primeiros meses ele acordava normalmente, e eu o amamentava. Ele dormia no berço dele (é o único dos meus três filhos que teve um) ao meu lado, junto a minha cama como sempre vi em casa, e eu cuidei dele toda vez que ela acordava à noite. Nem era tão ruim assim como eu imaginava, meu filho nem acordava tantas vezes, algumas vezes apenas, e dormia logo, mamando. Depois de três meses, de acordo com o livro "já não devia mais acordar", então eu comecei a trabalhar.

O que eu fiz com o meu filho

Desculpem... eu não sei como começar. Dói cada palavra que eu escrevo. Eu não me lembro se eu segui o método fielmente (achava absurdo falar para um bebê de 3 meses no boneco Pepito que iria lhe acompanhar, e outros argumentos que explica o autor), eu acho também que eu pulava minutos para correr ver e falar com o meu filho "antes de tempo". As vezes até acarinhava ele, coisa totalmente “proibida”. Eu não sei se fiz aquilo por apenas três dias, como meu marido garante (eu acho que tentando minimizar o meu sofrimento), ou por semanas, ou meses. Nem sei se fui disciplinada com o método, ou se o adaptava ás minhas capacidades. Eu realmente não me lembro.

Sei que era só na hora de ir dormir, porque no meio da noite, as poucas vezes que ele acordava, eu sempre ia amamentá-lo, pois sabia que assim ele dormir logo, não me incomodava. Realmente o sono do meu filho nem sequer me incomodava, eu simplesmente pensava que, como o livro falava, "estava na hora dele aprender dormir sozinho, sob risco de graves sequelas na idade adulta".

Eu não me lembro como lhe fazia dormir. Mamando? Lembro-me de noites em que ele dormia mamando, sim, eu sentada na minha cama, ao lado de seu berço no escuro. Essas noites eram das que eu mais gostava, porque eu não sofria contradições internas. Eu só pensava, lhe olhando placidamente: "Sei que não deveria adormecer mamando, mas que bom que isso aconteceu!"

Ou dormia habitualmente comigo deitada ao lado dele, lhe dando a mão? Lembro-me também dessa cena, sim. Essa era difícil, porque ele chorava, imagino que pedindo colo ou teta, mas eu estava totalmente desconectada de suas necessidades. Acreditava que ele não poderia querer mais teta, não, se tinha acabado de mamar. Eu lhe acompanhava ao seu ladinho, lhe dando a mão, sofrendo por não saber lhe ajudar.

Eu acho que desejava mesmo que ele "aprendesse a dormir", porque eu não conseguia realmente lhe ajudar a dormir, e o choro dele me torturava, impotente, porque não me permitia a mim mesma pegá-lo no colo, embalá-lo ou amamentá-lo após ter se alimentado já ao peito (ele sugava com força e rapidez, e quando terminava se soltava, rara vez adormecia mamando). Talvez eu pensei que mais nos valiam umas noites mais intensas de choro, aplicando um método eficaz, do que meses de noites chorando por "não saber dormir", apesar de me ter ao seu lado. Eu não entendia que poderia pegá-lo no colo e embalá-lo para dormir.

Enfim, eu não sei se lhe deixei chorar exatamente como o livro indicava, contando os minutos fora do quarto para poder entrar, lhe falar, e sair novamente. Eu sei que eu o fiz, mas eu não consigo me lembrar, nem dos detalhes nem dos momentos específicos em que o fiz. Não consigo recordar como era a nossa rotina de ir dormir. Tenho a impressão de que ela era bastante variável, que nunca cumpri aquela tabela de horários fielmente, porque sei que nunca esperei mais de 3 minutos para entrar a falar com o meu filho. É como se meu cérebro tivesse apagado os detalhes da minha cabeça, para não me odiar tanto a mim mesma. Mas não da certo.

Eu também me lembro que eu esperava até ele estar com fome para, uma vez banhado e com o pijama vestido, levar ele para mamar já no quarto, as luzes baixas (o livro também proíbe isso, mas não sei porquê eu pulei esta proibição olímpicamente, e o fazia todos os dias, isso de fazer a ultima mamada antes de dormir sempre no escuro, já no quarto), e, assim, conseguir que ele dormisse mamando para não ter que passar a "outras" estratégias.

Uma recordação cravada na alma

Lembro-me, no entanto, claramente, de uma noite na qual eu segui o método, sim. A única da que eu me lembro, apesar de saber que talvez fossem mais. Lembro-me daquilo como gravado a fogo no meu coração. Ele estava chorando, eu estava fora do quarto e até tinha uma visita. Um amigo do meu marido. Falávamos com ele, mas minha cabeça não conseguia sair do quarto onde meu filho chorava, de onde surgia o seu grito angustiado de socorro, e ao qual eu não entrava sem antes dar três minutos no relógio. Lembro-me perfeitamente daquela parte da noite, cada detalhe, se eu fechar meus olhos é como se estivesse ainda lá. Eu não me lembro se ele terminou dormindo daquele jeito ou se eu acabei pegando ele no colo ou deitando ao lado dele, na minha cama.

Não, eu não me lembro dos detalhes do que eu fiz com o meu filho nesse sentido, mas isso não me faz sentir melhor, e saber que fiz aquilo me arranca lágrimas sempre. Acho que o meu filho, agora com seis anos de idade, também não se lembra, mas com certeza carrega uma magoa permanente dentro de si. Que importa se lembrar ou não, então?

O resultado da nossa cultura 

Mesmo antes de ser mãe, para mim o fato de que os bebês acordarem durante a noite era algo como "um erro comum, que tem como ser concertado, e que é melhor fazê-lo pelo bem de todos", como se de um estrabismo se tratasse. Este pensamento é o produto de nossa sociedade, está inserido na nossa cultura. Há uma profunda falta de conhecimento sobre as peculiaridades do sonho de bebês, sobre a importância da aquisição gradual dos padrões de sono de um adulto, um processo que leva anos. Acredita-se que, simplesmente, "os bebês dormem mal."

Mas o pior de tudo mesmo, é a grande desconexão que temos de nossas emoções, permitindo-nos deixar chorar a um ser indefeso apenas dependente do nosso cuidado, e pensando, inclusive, que estamos lhes fazendo um bem. Porque é claro que quem nos vende estes métodos (não importa se é Ferber, Estivill ou o a sua vizinha) não o faz como "aprenda a torturar o seu bebê pelo próprio conforto." Não, eles dizem que o bebê precisa aprender a dormir, que é algo que você faz para o seu bem, que é algo que eles precisam aprender a fazer, sob a ameaça de problemas de sono, mesmo na idade adulta!

Nenhuma mãe quer machucar seu filho

Eles exculpam você antes mesmo que você tenha feito, porque nenhuma mãe em seu são juízo iria querer machucar o seu filho, e muito menos de forma voluntária. Se não nos vendessem estes métodos como "beneficiosos" as mães não iriamos comprar.

O problema, como eu disse algumas linhas atrás, não é tanto que esses livros existem. O problema é muito mais profundo, é que esses livros, estes métodos triunfam porque nós, nossa sociedade, estamos dormidos a nossas emoções e as dos nossos filhos. Se chegarmos com estas teorias de deixar chorar um filho até cair dormido, autodrogado para evitar entrar em shock (por excesso de cortisol liberado), as comunidades que ainda reconhecem e respeitam seus sentimentos, eles iriam rir na nossa cara, ou expulsar-nos de lá tremendamente ofendidos, o mais provável. Mas a gente compra estes métodos porque não conhecemos nem reconhecemos nossas emoções, muito menos as respeitamos. E também, e agora falando sobre as mulheres, não confiamos em nós como mães. Temos lutado tanto para negar a nossa natureza feminina que já não sabemos como nos comportarmos quando ela se nos faz presente.

Maternidade sob controle 

Eu, no meu caso, posso tentar me justificar de muitas maneiras. Desculpas eu tenho muitas. Eu era uma mãe nova, oitava de uma família de nove irmãos que me julgavam sempre como "a pequena, a inconsciente", e sentia uma grande necessidade de demonstrar a todos que eu "controlava isso da maternidade".

Eu não tinha tribo nenhuma... Como faz bem uma tribo! Um grupo de mulheres, outras mães, que te ouçam, te apoiem, te compreendam, te digam que isso é normal, que elas também o viveram ou estão vivendo. E a quem você escutar, apoiar e compreender também, e dizer-lhes que o que sentem é normal, que você também passa por isso.

Eu não gostava nem queria receber juízos, críticas ou dúvidas sobre a minha capacidade como mãe. O fato é que hoje se julga mal uma mãe cujo filho "ainda não dorme durante a noite" (mesmo com um bebê de meses!). Se tende a pensar ou dizer que é porque a mãe está fazendo algo mal, que em alguma coisa ela está errando, ou mesmo até fracassando. Portanto, como eu precisava provar que tinha tudo sob controle, eu não podia permitir que o meu filho acordasse "ainda", precisava demonstrar, inclusive a mim mesma, que eu era capaz de conseguir o que parecia ser forçado a conseguir: "que o meu bebê não acordasse mais de noite". Alguém tinha me vendido que isso fazia parte do pacote de "boa mãe". Que paradoxo!

Outro reflexão interessante seria sobre o controle na maternidade. Parece que somos mais parabenizadas socialmente quanto mais somos capazes de "controlar" os nossos filhos. Um bebê que se mostra como tal (chorando, exigindo contato, teta, presença) incomoda. Sem mencionar o que acontece quando se trata de uma criança algo maior. Se você não controlar necessidades deles, as emoções em estado puro que eles evidenciam, a fome que sentem quando “não é para se sentir” e falta de apetite “na hora certa”, a necessidade de presença no meio da noite, as birras por coisas importantes para eles e absurdas para nós, a ira e atitudes agressivas contra um amigo que pega o brinquedo deles, o choro desconsolado quando quer comprar um chocolate no supermercado, a recusa de beijar aquela tia velha e o prazer deles em se lambuçar em uma poça de lama. Se você não controlar a natureza deles, será julgada como um fracasso de educadora.

Mais uma vez, a importância de se informar 

Mas estou indo para outro assunto. Bem, eu li o "Duérmete niño," o levei a prática de uma ou outra forma, e algo me fez continuar procurando. Daí deparei com um outro livro, "Dormir sin lágrimas", de Rosa Jové. Eu vi aquele título na livraria pensei: "Mas se isso existe, para que aquele outro?" E, obviamente, o comprei, e o devorei.

Eu reconheço que eu ainda procurava nesse livro uma solução para "esse erro de fábrica dos bebês, que insistem em acordar no meio da noite". Em lugar disso, eu encontrei um livro que não me dava soluções para as noites com o meu bebê, senão muitas informações e, sim, também formas de amenizar aquilo com respeito ao bebê. Eram informações sobre os ciclos de sono de bebês e crianças, e da evolução paulatina dos mesmos até chegar a ser iguais aos de um adulto, aí pelos 7 anos.

Ela explica, também, o tremendo dano emocional e neurológico podemos fazer para um bebê ou criança se o deixamos chorar. Todo com evidências científicas.

Se defender ou morrer... de vergonha 

Quando você tem feito isso como o seu filho, e depois de ter se informado sobre os danos para a integridade emocional e neurológica dele, te restam apenas dois caminhos:

1. Olhar para o outro lado, duvidar da evidência científica (?), se justificar ante si mesmo ("você também merecia descanso", por exemplo), tirar importância para não sofrer (repito: nenhuma mãe quer machucar seu filho), e claro, se defender com unhas e dentes contra qualquer um que te lembre que, sim, você agiu contra a integridade do seu filho.

2. Esconder o que você fez, envergonhada, traumatizada, arrependida. Apagá-lo de sua memória. Eu aparentemente escolhi a opção 2.

Agora o conto publicamente porque talvez me faça bem para continuar tentando me compreender a mim mesma, e talvez um dia me perdoar.

Eu reconheço que olho com inveja, e com muita raiva de mim mesma, as mães de primeira viagem que embalam seus bebês para lhes dormir, conectadas com eles e com os seus próprios instintos. Elas tinham a mesma desculpa que eu tive para não o fazer, mas tiveram a sensibilidade e coragem suficientes para escutar as necessidades do filho, e também para atendê-las. Mas cada um tece a sua própria história, e a minha é esta, por muito que isso me magoe.

Talvez tinha que ser assim para depois despertar a maternidade consciente já com toda a lenha no fogo. Talvez internamente precisava passar por isso, a fim de ser uma mãe melhor para o meu filho, e para os que vieram depois. Meu segundo e terceira filha nunca choraram nem choram sozinhos um minuto, se eu posso ajudar, igual como passou a ser como o mais velho depois. O segundo acordou no meio da noite, pedindo mamar, ate depois dos 3 anos. Eles dormem ao meu lado, como passou a fazer o mais velho também, quando eu acordei daquele nosso pesadelo, mais dele do que meu, e eles sabem que têm o seu pai e a mim sempre que precisar, seja de dia ou de noite.

Talvez eu precisava passar por isso também para ser a profissional que sou hoje, talvez essa experiência foi importante para hoje ter as convicções que tenho sobre a maternidade, da necessidade de apoio entre as mães, da importância de se informar e procurar companhias compreensivas. Talvez hoje eu me dedico a este mundo da maternidade porque o meu filho e eu passamos por aquilo. Talvez, carregando este sofrimento, eu possa ajudar a prevenir que outras mães e seus filhos passem pelo mesmo.

Eu não procuro, com este artigo, consolações. Muito menos comentários como: "não se torture, você fez o que precisava, as mães também somos pessoas e temos que descansar".

Eu não sei onde me esconder de mim mesma quando escuto comentários de outras mães na linha de "Como uma mãe pode fazer isso com seu filho?", porque para mim também é inconcebível, e eu me faço todos os dias essa mesma pergunta torturante sobre mim mesma. Como eu pude estar tão dormida as necessidades e a integridade de meu filho?

Por favor, não caia no meu terrível erro e informe-se:

O sono dos nossos filhos e as conseqüências de deixá-los chorar


Tem livros, como o citado de Rosa Jové ("Dormir sin lágrimas"), ou os de Elizabeth Pantley, mais voltados em métodos para ajudar a dormir ao bebê, mas sem deixar ele chorar (veja eles clickando aqui). Para quem saiba espanhol, tem também um site maravilhoso cheio de informação, dicas e outras mamães dispostas a ajudar: http://www.dormirsinllorar.com/

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Yo dejé llorar a mi bebé

He tardado más de seis años en reunir el valor suficiente para escribir este título, aún más para hacerlo públicamente. Esta frase, “yo dejé a mi bebé llorar”, me martiriza cada día, cada vez que miro los ojos transparentes de mi hijo mayor. Sí, yo dejé a mi bebé llorar, como lamentablemente lo hacen miles de madres del mundo –“civilizado”- entero.

Hacia el final de mi embarazo paseaba con mi madre, era el Día del Libro y las librerías tenían promociones en las calles de Madrid. Me di de cara con aquel título “Duérmete niño”, y me dije “¿Cómo es que yo todavía no tengo este libro?”. Lo compré, claro. O me lo compró mi madre, no recuerdo. Lo leí en dos tardes. En él se explicaba cómo hacer para solucionar eso del sueño de los bebés, dejándolos llorar con una tabla de tiempos. Y prometía milagros. Siempre he sido muy muy dormilona, de acostarme muy pronto y despertarme muy tarde, y eso de la falta de sueño era lo que más me asustaba de la maternidad.

Mi bebé nació, y tal y como decía el libro, los primeros tres meses es normal que se despierten para mamar. Él dormía en su cunita (es el único hijo mío que ha tenido una) a mi lado, pegado a mi cama, y yo le amamantaba cada vez que se despertaba de noche. No me parecía ni tan terrible como decían, mi hijo no se despertaba tanto, además, unas pocas veces sólo. A partir de los tres meses, y según el libro, “ya no deberían despertarse más”, así que me puse manos a la obra.

Lo que hice con mi hijo

Lo siento… No sé bien cómo seguir. Me duele cada palabra que escribo. No recuerdo bien si seguí el método al pie de la letra (encontraba absurdo hablarle a un bebé de 3 meses sobre el muñequito Pepito y demás argumentos que explicaba el autor), creo que me comía bastantes minutos para correr a atender a mi pequeño “antes de tiempo”. A veces incluso le acariciaba, cosa totalmente "prohibida" por el libro. No sé si lo hice tan solo tres días, como mi marido asegura (creo que trata de minimizar mi sufrimiento), o durante semanas, o meses. Tampoco sé si lo seguía al pie de la letra o si lo adaptaba a mi manera. De verdad que no me acuerdo.

Sé que era sólo a la hora de dormir, porque en mitad de la noche, las pocas veces que se despertaba, siempre le daba teta. Sabía que así se dormía rápido, y no veía sentido en hacer nada diferente. Lo cierto es que el sueño de mi hijo no me molestaba en absoluto, pero pensaba que, como dice el libro "era hora de que aprendiera a dormirse solito, bajo amenaza de graves secuelas de sueño en la edad adulta".

No recuerdo cómo se dormía. ¿Mamando? Recuerdo noches en que le dormía mamando, sentada en mi cama, junto a su cunita, a oscuras. Eran las noches que más me gustaban, porque no tenía contradicciones internas. Sólo pensaba, mirándole plácidamente: “sé que no debería dormirse mamando, pero menos mal que lo ha hecho”.

¿Conmigo tumbada a su ladito, dándole la mano? También recuerdo esa escena, sí. Era duro, porque él lloraba, supongo que pidiéndome bracitos o teta, pero yo, totalmente desconectada de sus necesidades, no imaginaba que pudiera querer más teta, si acababa de tomar. Me quedaba ahí acompañándole, a su lado, dándole la mano, angustiada por no lograr ayudarle.

Creo que deseaba que él “aprendiera a dormir” porque yo no sabía ayudarle efectivamente a dormir y su llanto me angustiaba, pues no me permitía a mi misma cogerle en brazos, acunarle o darle de mamar después de haberse alimentado (él mamaba rápidamente y se soltaba al terminar, rara vez se quedaba mamando adormilado). Quizás yo pensaba que unas noches de lloro más intenso aplicando un método efectivo irían a ser mejor que meses de noches llorando por “no saber dormirse”, a pesar de tenerme a su lado. No entendía que pudiera cogerle en brazos y acunarle hasta dormir.

El caso es que no sé si le dejaba llorar al pie de la letra como indica el libro, contando los minutos fuera de la habitación para entrar a hablarle y salir de nuevo. Sé que lo hice, pero no logro recordarlo, no los detalles ni los momentos específicos en que lo hice, no recuerdo cómo era nuestra rutina de ir a dormir. Me da la impresión de que era bien variable, de que nunca me tomé aquella tabla de tiempos a rajatabla, pues nunca pasaba de los 3 minutos. Es como si mi cerebro hubiera borrado eso de mi cabeza para no odiarme tanto a mí misma. Pero no funciona.

También recuerdo que esperaba a que tuviera hambre para, una vez bañado y con el pijamita, poder meterme con él en el cuarto a darle de mamar a oscuras (en el libro dicen que eso no se puede hacer, pero no sé bien por qué, eso me lo saltaba a la torera, y lo hacía cada dia, lo de darle la última toma de antes de dormir a oscuras en el cuarto), y así conseguir que ese día se durmiera mamando y no tener que pasar a "otras" estrategias.

Un recuerdo clavado en mi alma

Recuerdo, eso sí, nítidamente, una noche en que seguí el método. La única que recuerdo, a pesar de saber que fueron más. Lo recuerdo como grabado a fuego en mi corazón. Recuerdo que él lloraba, recuerdo que yo estaba fuera del cuarto y que había una visita incluso. Un amigo de mi marido. Recuerdo que hablábamos con él, pero que mi cabeza no salía de la habitación donde mi hijo lloraba, desde la que salía su grito de socorro angustiado, y a la cual yo no iba sin antes pasar tres minutos en mi reloj. Recuerdo esa parte de la noche perfectamente, con detalle, si cierro los ojos es como si estuviera allí. Tampoco recuerdo si él acabó durmiéndose o si yo acabé cogiéndolo en brazos, o quedándome a su lado en la cama.

No, no recuerdo los detalles de lo que hice con mi hijo en ese sentido, pero eso no me hace sentir mejor, me arranca lágrimas saber que lo hice. Imagino que mi hijo, hoy de seis años, tampoco lo recuerda, pero lleva un daño permanente para siempre dentro de si. ¿Qué importa acordarse o no, entonces?

Fruto de nuestra cultura

Desde antes de ser madre, para mí el hecho de que los bebés se despierten de noche era algo así como “un error frecuente que había como corregir, y que era mejor hacerlo por el bien de todos”, igual que se corrige una mirada bizca con parches y gafas. Este pensamiento es fruto de nuestra sociedad, está grabado a fuego en nuestra cultura. Hay un profundo desconocimiento sobre las peculiaridades del sueño de los bebés, sobre la importancia de la adquisición paulatina de los ritmos de sueño de un adulto, un proceso que dura años. Se cree que, simplemente, “los bebés duermen mal”.

Lo peor de todo no es esto, es la inmensa desconexión que tenemos de nuestras emociones, que nos permiten dejar llorando a un ser indefenso que depende exclusivamente de nuestros cuidados, y hacerlo creyéndonos que les estamos haciendo incluso un bien. Porque quien te vende estos métodos (da igual que sea Ferber, Estivill o tu vecina), por supuesto, no lo hace como “aprenda a torturar a su bebé por comodidad propia”. No, ellos te dicen que el bebé necesita aprender a dormir, que es algo que haces por su bien, que es algo que necesita aprender a hacer, bajo amenaza de problemas de sueño ¡incluso en la vida adulta!

Ninguna madre quiere hacer daño a su hijo 

Ellos te exculpan antes de que lo hayas hecho incluso, porque ninguna madre en su sano juicio iría a querer hacerle daño a su hijo, menos aún voluntariamente. Si no nos vendieran estos métodos como “beneficiosos” no los compraríamos las madres.

El problema, como dije hace una líneas, no es tanto que existan estos libros. El problema es mucho más profundo, y es que estos libros, estos métodos, triunfan porque nosotros, nuestra sociedad, estamos dormidos a nuestras emociones y a las de nuestros hijos. Si llegáramos con estas recomendaciones de dejar llorar a un hijo hasta caer rendido, autodrogado para no entrar en shock (por exceso de cortisol liberado), a aquellas sociedades que aún reconocen y respetan sus emociones, se reirían en nuestra cara, o nos expulsarían de allí tremendamente ofendidos, más probablemente. Pero nosotros compramos estos métodos porque ni conocemos ni reconocemos nuestras emociones, mucho menos las respetamos, y además, y ahora hablo de las mujeres, no confiamos en nosotras como madres. Hemos luchado tanto por negar nuestra naturaleza femenina que no sabemos ya cómo comportarnos cuando ésta se nos hace presente.

Maternidad bajo control 

Yo, en mi caso, puedo intentar justificarme de muchas formas. Disculpas tengo muchas. Yo era una madre joven, octava de una familia de 9 hermanos que me tenían como “la pequeña, la inconsciente”, y sentía una gran necesidad de demostrarles a todos que yo “tenía eso de la maternidad controlado”.

No tenía tribu... Cuánto bien hace una tribu, un grupo de mujeres, otras madres, que te escuchen, te apoyen, te comprendan, te digan que eso es normal, que ellas también lo viven. Y a las que escuchar, apoyar y comprender también, y decirles que eso es normal.

No me gustaba ni quería recibir críticas, juicios o dudas sobre mi capacidad como madre. El hecho es que hoy en día se juzga mal a una madre cuyo hijo “aún no duerme toda la noche” (¡¡incluso con un bebé de meses!!), se tiende a pensar o a dar a entender que es porque ella está haciendo algo mal, se está equivocando, incluso que está fracasando. Por tanto, como yo necesitaba demostrar que lo tenía todo bajo control, no podía permitir que mi hijo se despertara “aún”, tenía que demostrarme incluso a mí misma que era capaz de conseguir lo que parecía ser obligado conseguir: “que mi bebé no se despertara en mitad de la noche”. Me habían vendido que eso formaba parte del paquete de “buena madre”. ¡Qué paradoja!

Otra reflexión sería esa del control en la maternidad. Parece que se nos felicita más socialmente cuanto más y mejor "controlamos" a nuestros hijos. Que un bebé se muestre como tal (llorando, exigiendo contacto, teta, presencia) incomoda. Ni hablemos de eso mismo en un niño ya algo más mayor. Si no controlamos sus exigencias, sus emociones en estado puro, su hambre fuera de horas y falta de apetito a la hora de comer, su necesidad de presencia en la noche, sus rabietas por cosas importantísimas para ellos y absurdas para nosotros, su rabia y actitud agresiva frente a un amigo que le quita un juguete, su llanto desconsolado porque quiere un chocolate en el supermercado, su negativa a besar a aquella tía abuela, su placer al saltar en un charco de barro. Si no controlamos su naturaleza, se nos juzgará como un fracaso de educadores.

Una vez más, qué importante es informarse 

Pero nos vamos del tema. Bueno, leí el “Duérmete niño”, lo puse en práctica de una manera u otra, y algo de mí me hizo seguir buscando. Llegué así a otro libro, “Dormir sin lágrimas”, de Rosa Jové. Vi ese título en la librería y recuerdo que pensé “pero si esto existe, ¿para qué lo otro?”, y obviamente lo compré, y lo devoré. Reconozco que aún buscaba en ese libro la solución para “ese error de fábrica de los bebés, que se empeñan en despertarse en medio de la noche”. Pero me encontré con un libro que en lugar de darme soluciones a las noches de mi bebé, me daba información, y también algunos consejos sobre cómo mejorar las noches respetando al bebé. Información sobre las fases de sueño de los bebés y niños, que poco a poco van evolucionando hasta ser como las de un adulto, cerca de los 7 años.

Explica la autora, también, el tremendo daño emocional y neurológico que le hacemos a un bebé o niño por dejarle llorar. Todo con evidencias científicas.

Defenderte o morir... de verguenza

Cuando le has hecho eso a tu hijo, y después de haberte informado sobre lo que conlleva para su integridad emocional y neurológica, te quedan apenas dos caminos:

1. Mirar para otro lado, dudar de las evidencias científicas (?), justificarte ante ti misma (“tu también merecías descansar”, por ejemplo), quitarle importancia para no sufrir (repito: ninguna madre desea hacerle daño a su hijo), y por supuesto defenderte con uñas y dientes ante quien pueda recordarte que sí, que has atentado contra la integridad de tu hijo.

2. Esconder lo que has hecho, avergonzarte, arrepentirte, traumatizarte. Borrarlo de tu memoria. Yo, al parecer, escogí la opción 2.

Lo cuento hoy públicamente porque supongo que me hace bien para seguir tratando de comprenderme a mi misma, y tal vez algún día perdonarme. 

Reconozco que miro con cierta envidia, y con mucha rabia hacia mí misma, a las mamas primerizas que acunan a sus bebes para dormirles, conectadas con ellos y con sus propios instintos. Ellas tenían la misma excusa que yo para no haberlo hecho, y sin embargo han tenido la sensibilidad y la valentía suficientes para escuchar las necesidades de su hijo, y para atenderlas. Pero cada uno teje su propia historia, y la mía es esta, mal que me pese.

Quizás tuvo que serlo para después poder despertar a la maternidad consciente con toda la leña en el fuego. Quizás internamente necesitaba pasar por eso para así ser una madre mejor para mi hijo, y para los que llegaron después. Mi segundo y tercera hija no lloraron ni lloran un solo minuto en soledad, si puedo evitarlo, igual que pasó a ocurrir con el mayor después de aquello. El segundo se ha despertado de noche pidiendo teta hasta después de los 3 años. Duermen junto a mí, como pasó a hacerlo el más mayor cuando desperté de aquella nuestra pesadilla, más suya que mía, y saben que cuentan con su padre y conmigo siempre que nos necesiten, sea de día o de noche.

Quizás necesitaba pasar por eso para, así, ser hoy la profesional que soy, quizás aquella experiencia era importante para tener hoy las convicciones que tengo sobre la maternidad, de la necesidad de apoyo entre madres, de lo importantísimo que es informarse y acompañarse de personas comprensivas. Tal vez hoy me dedique a este mundo de la maternidad porque mi hijo y yo pasamos por aquello. A lo mejor, cargando con este sufrimiento, puedo ayudar a evitar que otras madres y sus hijos pasen por lo mismo.

No busco, con este articulo, Consuelo. Mucho menos comentarios del tipo: “no te tortures, hiciste lo que necesitabas, las madres también somos personas y tenemos que descansar”. 

No sé donde esconderme de mí misma cuando escucho comentarios de otras madres en la línea de “Cómo una madre puede hacerle eso a su hijo!?, No me entra en la cabeza”, porque a mí tampoco me entra en la cabeza, y me hago cada día la misma torturante pregunta, sobre mí misma. Cómo pude estar tan dormida a las necesidades y a la integridad de mi hijo?

Por favor, no caigas en mi terrible error, e infórmate. Hay libros, como el citado de Rosa Jové ("Dormir sin lágrimas"), o los de Elizabeth Pantley, más centrados en métodos para ayudar a dormir al bebé, pero sin dejarle llorar (verlos pinchando aqui). Y una web maravillosa también llena de información, consejos y otras mamás dispuestas a ayudar: http://www.dormirsinllorar.com/

8 comentarios:

  1. Elena, acompanhei os emails da lista do Samaúma e vi o quanto você ficou chateada com o assunto. Só agora fui entender o porquê.
    É triste o que você teve que passar, mas que bom que você consegue enxergar isso e fazer diferente hoje!
    Também já fiz coisas com a minha filha que me arrependo, mas hoje aprendi, me arrependi, e sigo em frente, tentando compreender todas suas necessidades.
    Obrigada pelo lindo depoimento

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  2. Elena, acho que foi muito legal da sua parte fazer o depoimento, compartilhei ele no meu facebook, sempre compartilho relatos, notícias de gestante, e para meus amigos pais e mães lerem e aprenderem a usar mais o extinto e sentidos do que os livros e conselhos!
    Tenho um bebê de 10 meses e já me senti magoada comigo mesma por alguns erros cometidos!
    Obrigada!

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    1. A gente nunca deixa de aprender, né? Principalmente com os nossos proprios erros. Obrigada :)

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  3. valiente confesión Elena, te felicito. Parece ser que son los hijos los que nos enseñan a ser madres y padres, y no los libros de pseudoprofesionales, pero es difícil de creer cuando un señor con bata blanca y un best seller que va por la 35a edición te dice todo lo contrario a lo que te está diciendo tu bebe. Reconocer un error y corregirlo también es una gran lección para enseñar a nuestros hijos.

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    1. Ay mi niña... Es difícil pero posible, principalmente cuando se tiene una buena tribu alrededor :)

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  4. Elena, eu já te dei meu depoimento sbre a amamentação da minha Cecilia, prematura, e devo dizer que ela foi um bebê que chorou loucamente 24h por dia até uns 10, 11 meses. Tbém li e "apliquei" o Nana Nene, sem sucesso, hoje eu me arrependo. Hoje entendo que ela, por ter sido prematura, precisva muito da mimha presença e aconchego, ela sempre dormiu apenas no seio, e as melhpres noites que passei foi com ela na minha cama. Pena que percebi muito tarde, hoje penso que uma doula como voce, e um sling poderiam ter ajudado muito!!! A Cecilia nunca ficou no seu berço (nao por vontade mimha, mas dela), e aos 13 meses ganhou uma cama de casal, onde dorme, ma maioria das noites, na companhia do pai.

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  5. Doula, sling, tribo e muita informação. Aos poucos vamos conseguindo tudo isso!! Parabens e obrigada por suas palavras.

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